O novo longa de Levan Akin, Caminhos Cruzados, continua sua incursão queer, desta vez centrada em uma perspectiva alimentada por um sentimentalismo direto que evita se aprofundar além de suas exposições temáticas.
Acompanhamos Lia (Mzia Arabuli) em busca de sua sobrinha trans pelas ruas da movimentada Istambul. Sua procura é auxiliada pelo jovem e quase imprudente Achi (Lucas Kankava), que são lançados juntos em todo o contexto que cerca a realidade — de desafios sociais — daquele contexto.
É interessante porque há duas grandes motivações por trás da ideia do filme, e que não são aprofundadas estrategicamente. A primeira é sobre como uma tia parece disposta a enfrentar tudo por uma sobrinha trans, em um estado de completa marginalização. É algo impensável e por isso é muito comovente. A outra, e mais literal, é a maneira como a busca acontece, com Lia e Achi viajando pela cidade, descobrindo peças importantes que subvertem a própria ordem dos acontecimentos o tempo todo (Evrim).
Neste ponto, vale destacar a crueza dos elementos que compõem a narrativa desenvolvida por Levan com sua perspectiva regional, que triunfa entre as multidões nas ruas, os prédios e o intenso movimento urbano, o que cria uma discrepância espacial importante, como se víssemos o quão insignificante pode ser procurar uma pessoa naquela determinada cidade.
Caminhos Cruzados aperta o cerco; tudo acontece por causa desse encontro e talvez por isso soe muito apreensivo, num sentido forçosamente elaborado pelo sofrimento de que o que se busca pode ou não ser encontrado. Por isso a previsibilidade toma espaço diante dessa questão à medida que avançamos para o final. É bonito, mas pouco vai além disso.