Crítica | In Water

Filme de sensações, In Water não parte de um objetivo senão a congenialidade do retrato, ínsito à sua composição de exalar um cometimento empírico com o cinema como arte.

Maqtheus
2 min readDec 20, 2023

Cotação: ★★★★★

Das inúmeras formas de pensar o cinema, talvez aquela que envolve desconforto seja a mais interessante delas. In Water, do visionário sul-coreano Hong Sang-soo, não parte da ideia de incomodar, mas acaba por fazê-lo como forma de acrescentar sentido ao seu trabalho já muito vanguardista.

O contato inicial com In Water passa pela sua razão de ser: qual o propósito do filme? É claro que, ao compreender que a arte deriva do ócio, essa questão acaba se referindo ao objetivo central da obra, que nada mais é do que a composição de uma experiência singular — por isso o desfoque, presente em grande parte dos quadros desenhados pelo diretor, acaba aguçando nossos sentidos no acompanhamento da narrativa, aqui, também sem a intencionalidade que estamos acostumados a ver em um longa-metragem.

Este é, sem dúvida, um filme de sensações. É extremamente convidativo por trazer certo aspecto cotidiano, mas também contemplativo por ser repleto de fragmentos textuais que direcionam excelentes diálogos e formam, no geral, uma tocante familiaridade. Não há, portanto, outro objetivo senão a congenialidade do retrato, ínsito à sua composição de exalar um cometimento empírico com o cinema como arte.

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Maqtheus

Graduando em Letras, 23 anos. Textos para os sites Suco de Mangá, VHS CUT e Aquele Tuim.